Segundo o italiano Joaquim De Fiore, o Anticristo já andava pela Europa e o Armagedom ocorreria em 1205.
Joaquim de Fiore (c. 1135–1202) foi um monge, teólogo e místico italiano muito importante para o pensamento religioso da Idade Média. Ele nasceu na Calábria (sul da Itália) e se tornou abade do mosteiro de Corazzo, antes de fundar sua própria ordem, os Florenses.
Ele tinha uma teoria (ou uma teologia) que falava sobre três idades:
A Primeira Idade, correspondera ao governo de Deus Pai, e seria representada pelo poder absoluto, inspirador do temor sagrado que perpassa o Velho Testamento. Correspondera ao tempo anterior à revelação de Jesus Cristo.
A Segunda Idade iniciara-se pela revelação do Novo Testamento e pela fundação da Igreja de Cristo, em que, através de Deus Filho (que, segundo alguns teólogos modernos está na Trindade com um poder inferior ao do Pai), a sabedoria divina, que tinha permanecido escondida da humanidade, se revelara. Era a época em que ele vivia.
A Terceira Idade, que haveria de vir, corresponderia ao domínio da Terceira Pessoa da Trindade. Seria o advento do Império do Divino Espírito Santo (também, segundo esse teólogos modernos, seria um Deus de terceira categoria, menor do que o Pai e do que o Filho), um tempo novo onde o amor universal e a igualdade entre todos os membros do Corpo Místico de Deus, isto é, entre os cristãos, seriam alcançados. No Império do Divino Espírito Santo, as leis evangélicas seriam finalmente realizadas, não só na sua letra, mas no seu espírito, isto é, a mensagem que nelas está escondida seria finalmente compreendida e aceita pela humanidade.
Joaquim de Fiore acreditava que a Segunda Idade estava no seu fim e que o advento do Império do Espírito Santo estava próximo. O fim da Segunda Idade, a ser marcado por um cataclismo, era já prenunciado pela desordem então patente no mundo. Após essa transição dolorosa, a unidade cristã seria alcançada, com a união entre as igrejas cristãs do ocidente e oriente e o fim dos cismas, e os judeus veriam a verdade do Novo Testamento. O Império do Divino Espírito Santo seria a apoteose da História, durando até ao fim dos tempos, apenas terminando com a glória da segunda vinda do Redentor.
Relação de Joaquim de Fiore com as Cruzadas:
Embora Joaquim de Fiore (c. 1135–1202) não tenha participado diretamente das Cruzadas, seu pensamento foi profundamente influenciado pelo espírito da época. Ele via as Cruzadas como parte dos sinais do fim dos tempos. Para Joaquim, a luta pela libertação de Jerusalém era uma manifestação do conflito espiritual que precederia a renovação completa da Igreja e o início da nova era — a Era do Espírito Santo. A vitória cristã em Jerusalém seria um passo para o cumprimento das profecias, preparando o mundo para uma era de paz e santidade.
Influência sobre os Espirituais Franciscanos:
Após sua morte, as ideias de Joaquim ganharam força, especialmente entre um grupo radical dentro da Ordem dos Franciscanos, chamados de Espirituais. Eles acreditavam que estavam vivendo o início da Era do Espírito, que Joaquim havia profetizado. Para eles, a Igreja institucional estava corrompida e deveria ser renovada para dar lugar a uma nova comunidade mais pura, baseada na pobreza e na vida espiritual intensa. A influência de Joaquim era tão forte que o próprio Papa João XXII (no século XIV) condenou oficialmente o “joaquinismo” em certos aspectos, temendo que essas ideias desestabilizassem a autoridade da Igreja.
